segunda-feira, 30 de agosto de 2010

VOU SENTIR SAUDADES DESTE PALCO ETERNO





POR QUE NÃO ITAQUERA?

É evidente que o presidente Lula, como corintiano de carteirinha e a bordo da maior aprovação popular, segundo as pesquisas, de todos os tempos da República, tem interesse na construção do estádio de Itaquera e que ele venha a ser sede da abertura da Copa no Brasil.

É evidente que o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, demoliu o Morumbi, pedra a pedra, por razões de foro íntimo e por politicalha.

Assim como é evidente que a falta de habilidade para conduzir o processo por parte do presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio, pavimentou esse caminho sem volta – a exclusão do estádio tricolor como candidato único da cidade de São Paulo à abertura da Copa do Mundo de 2014.

Aliás, durante esse processo, Juvenal abriu outra frente de batalha que acabaria, por fim, se fundindo à outra, ao tratar com soberba e até desprezo o presidente corintiano Andrés Sanchez, nas negociações sobre o uso do Morumbi pelo Corinthians, em jogos domésticos e nacionais.

Andrés prometeu o troco em alto estilo. É o que está fazendo, sem dúvida, ao anunciar o estádio de Itaquera como um projeto destinado apenas a atender as necessidades de seu clube, mas abrindo a perspectiva de ampliar suas instalações para poder atender às exigências da Fifa (leia-se, Ricardo Teixeira) para o jogo de abertura da Copa.

O governador interino Alberto Goldman e o prefeito Kassab, antes tão apegados ao projeto Morumbi, subitamente mudaram de rumo, ao sabor dos ventos eleitorais que sopram para as bandas da Zona Leste, e passaram a avalizar o Itaquerão. Entre outras coisas, porque no Morumbi vale muito mais preservar o Palácio do Governo que o estádio.

Bem, este é o cenário em que os agentes dessa trama atuam, às vezes, em parcerias, às vezes, em solos próprios, segundo minhas depreensões.

Outra coisa, bem diferente, é a construção do estádio de Itaquera em si mesmo.

Belas são as palavras do presidente corintiano quando diz que o Corinthians tem uma dívida com a Zona Leste da cidade, núcleo central e histórico da grande nação alvinegra. E, realmente, se há uma região desta megalópole que merece atenção especial do poder público é essa. Tudo que for feito de infraestrutura ao redor do futuro estádio será pouco e necessário.

Claro, essas coisas deveriam independer de eventos como a Copa. Mas, entre o ideal e o real vai uma distância de Itaquera a Wembley. E, se a imensa população daquela região tiver de ser beneficiada por descaminhos como esse, meno male.
Outras belas palavras do cartola corintiano são as que prometem não haver nenhuma perspectiva de uso de dinheiro público na obra em si, o que é fundamental. Estádio, sim, mas com grana particular. Dinheiro público só para obras públicas, que atendam as necessidades da população.

Ora, palavras somem com o vento, dirá o amigo mais cético. É verdade. Mas, o fato é que Andrés Sanchez prometeu, na campanha para presidente do Corinthians, acabar com as reeleições sucessivas, que construíram no clube verdadeiros impérios no passado. E cumpriu sua palavra. Logo que assumiu, mudou os estatutos do clube e já avisou que cumprirá estritamente o que lá ficou escrito.

Ao contrário, por exemplo, de Juvenal Juvêncio, que, acenando com a bandeira da reforma do Morumbi para a Copa do Mundo, quebrou a longa e proficiente tradição tricolor de não se permitir senão uma única reeleição, de dois em dois anos. Ampliou seu reinado até 2014, com todos os ônus que o clube teve de arcar nesse período insólito da vida tricolor.

Portanto, até prova em contrário, não há que se duvidar das palavras de Andrés Sanchez.

E, se assim for, por que não Itaquera em vez do Morumbi?